Lula muda o tom e diz que não quer mais ‘se meter’ no conflito entre Rússia e Ucrânia

Presidente brasileiro, que tem pressionado Zelensky e Putin a entrarem em acordo, afirma que principal guerra é contra a fome

Apesar de constantes declarações sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quinta-feira (6), que não quer “se meter” no conflito, porque a principal guerra com a qual está preocupado é contra a fome. A declaração foi feita durante o relançamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), no Palácio do Planalto.

O Brasil tem a chance que jamais teve. O fato de ter ficado exilado do mundo durante esses últimos seis anos deu ao mundo uma sede e uma necessidade do Brasil, e nós precisamos tirar proveito, porque o Brasil não tem contencioso com ninguém. O Brasil gosta de todo mundo e todo mundo gosta do Brasil. É por isso que eu não quero me meter na questão da guerra da Ucrânia e da Rússia. A minha guerra é aqui, contra a fome, o desemprego e a pobreza. Por que vou me preocupar com a briga dos outros? Vou me preocupar com a minha briga

PRESIDENTE LULA

O conflito no leste europeu foi o principal assunto discutido por Lula e pelo Papa Francisco no fim de junho, durante a viagem que o petista fez ao Vaticano. No dia seguinte à conversa, durante declaração a jornalistas na Itália, o presidente afirmou que os presidentes da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e da Rússia, Vladimir Putin, precisam negociar pessoalmente um acordo de paz para dar fim à guerra.

“A primeira coisa a fazer é convencê-los a parar a guerra e sentar para conversar, até que a gente encontre um denominador comum. Foi assim que o mundo se resolveu na Segunda Guerra Mundial, foi assim que se construiu a União Europeia. Um acordo de paz não é uma rendição. Os dois envolvidos têm que ganhar alguma coisa. Se você tem uma proposta que um tem que ceder 100%, não é acordo. É uma rendição, uma imposição. São os ucranianos e os russos que precisam decidir”, declarou Lula na Itália.

Após a declaração, o governo dos Estados Unidos acusou o Brasil de estar “papagueando a propaganda russa e chinesa sem observar os fatos em absoluto”, enquanto Lula afirma que deseja promover uma iniciativa de paz.

O porta-voz da diplomacia ucraniana, Oleg Nikolenko, criticou, pelas redes sociais, o presidente brasileiro por colocar “a vítima e o agressor no mesmo nível” e por atacar os aliados da Ucrânia que a ajudam a “proteger-se de uma agressão assassina”.

Depois da confusão, o governo da Ucrânia convidou Lula para visitar a capital, Kiev, a fim de “compreender” a realidade da agressão russa. Também em abril, o petista chegou a culpar a Ucrânia pela invasão russa. Dias depois, Lula afirmou que os russos estão “errados” e voltou a defender a paz na região.

Os presidentes do Brasil e da Ucrânia conversaram por telefone em março. Após o diálogo, Lula declarou que a “guerra não pode interessar a ninguém.” Putin e o presidente brasileiro conversaram, também por telefone, no fim de maio. Lula se colocou à disposição para buscar uma solução.

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