As mulheres são amigas e primas da mulher que acusa o ex-jogador de estupro. Segundo elas, ele e um amigo dançaram com elas antes de ir ao banheiro com a jovem de 23 anos, que também deu depoimento primeiro dia de julgamento, na segunda-feira (5)
Duas mulheres acusaram Daniel Alves de as apalpar na mesma noite em que ele teria estuprado uma amiga delas em uma boate de Barcelona em 2022. Elas deram depoimento no primeiro dia de julgamento do ex-jogador por estupro, nesta segunda-feira (5), na condição de testemunhas.
As mulheres que acusam o jogador de as apalpar são uma amiga e uma prima da jovem que o acusa de estupro e estavam na boate com ela naquela noite — nenhuma delas foi teve o nome divulgado por motivos de segurança. Elas disseram ao tribunal que o ex-jogador as convidou para a área VIP, onde ele estava com um amigo.
As três mulheres dançaram com Daniel Alves e amigos dele na área VIP, segundo o jornalista espanhol Jesús González Albalat, que viu imagens da boate na noite do dia 30 de dezembro de 2022, que estão em segredo de justiça.
Em depoimento, as duas mulheres afirmaram que na área VIP o Daniel Alves as apalpou e flertou com a autora da queixa de estupro antes do jogador insistir para que a jovem entrasse com ele por uma porta.
A amiga da jovem também disse que Alves ejaculou dentro da vítima no momento do estupro e que, antes, teve um comportamento agressivo.
Alves, que está preso há 381 dias em prisão preventiva, foi à Audiência de Barcelona, a instância mais alta da Justiça local, para prestar depoimento no julgamento, que durará três dias e ouvirá outras 28 testemunhas e a jovem espanhola que acusa o brasileiro, além do próprio Alves.
A Promotoria de Barcelona pede nove anos de prisão para o brasileiro (leia mais abaixo). Ainda não há previsão para a sentença sobre o caso.
A jovem que acusou Alves prestou depoimento na sessão desta segunda por cerca de uma hora — não havia confirmação de que ela participaria do julgamento até o início da sessão. Acompanhada de psicólogos, ela falou aos juízes na mesma sala em que o brasileiro estava, mas os dois não tiveram contato visual.
Sua voz foi distorcida para proteção, e a imprensa foi proibida de acompanhar o depoimento — desde o início do caso, a juíza responsável pelo julgamento proibiu a divulgação da identidade e de imagens da jovem. Segundo a imprensa espanhola, com base em fontes judiciais, a jovem manteve sua versão original, de que foi estuprada pelo brasileiro.
O jogador, que pelo cronograma inicial do julgamento falaria nesta segunda, pediu para se pronunciar só na quarta, depois de todas as testemunhas. O pedido foi aceito. Esta foi a primeira vez que ele apareceu publicamente desde que foi preso, em 20 de janeiro de 2023.
A expectativa é que Daniel Alves apresente no tribunal uma nova versão sobre o episódio, que seria a quinta.
‘Tribunal paralelo’
No início da sessão no primeiro dia de julgamento, a advogada de Daniel Alves, Inés Guardiola, afirmou que o jogador se diz vítima de um “tribunal paralelo”, feito, segundo ele, pela opinião pública. A defesa pediu a anulação do julgamento nesta segunda-feira (5), alegando que a juíza responsável pelo caso não aceitou que um segundo perito examinasse a vítima.
Guardiola solicitou também que novos testes fossem realizados e, só depois disso, que o julgamento fosse retomado. A juíza não acatou o pedido, e a Promotoria contestou na sessão que todos os direitos do acusado foram preservados.
A mãe de Alves também participou do julgamento. Lucia Alves, que foi a primeira a chegar ao Tribunal, é uma das 28 testemunhas convocadas para falar no caso.
Julgamento
O julgamento ocorrerá até a próxima quarta-feira (7). As sessões terão depoimentos de Alves e de 28 testemunhas que estavam na boate, Sutton, em Barcelona, na noite em que, segundo a acusação, o estupro ocorreu, em 30 de dezembro de 2022.
As testemunhas foram indicadas para participar do julgamento tanto pela defesa quanto pela acusação.
O que diz a acusadora
A mulher que acusa Daniel Alves de estupro afirma que, na noite em que, segundo ela, o estupro ocorreu, estava com uma amiga e uma prima na área VIP da boate Sutton e que já tinha dançado com o jogador e amigos dele. Depois disso, diz ela, o atleta insistiu para que a jovem o acompanhasse até um outro recinto.
A jovem alega que achava que, nesse segundo espaço, havia uma nova área VIP. Ao entrar, no entanto, notou que estava num banheiro pequeno, que só tinha um vaso e uma pia. Lá, segundo a acusadora, aconteceu o estupro.
Tentativa de acordo
Em uma corrida contra o tempo e a uma semana do início do julgamento, a defesa do brasileiro ainda tentaram um acordo com advogados da mulher antes do julgamento, segundo fontes dos dois lados ouvidas pela rede de TV espanhola Telecinco.
Caso houvesse um acordo, as acusações seriam retiradas, e o julgamento, cancelado.
Segundo a Telecinco, citando fontes da acusação, as conversas sobre um acordo chegaram a ser protocoladas na Justiça, mas a divulgação de imagens da jovem pela mãe de Daniel Alves esfriaram as negociações.
Assim, ambas as partes chegaram ao tribunal nesta segunda sem o acordo em mãos.
No fim de dezembro de 2023, Lucia Alves, mãe do jogador, publicou em suas redes sociais um vídeo com imagens de uma jovem que afirmou ser a espanhola que alega ter sido estuprada pelo brasileiro.
A Justiça de Barcelona havia proibido a difusão de informações e imagens da jovem enquanto o processo corre.
A jovem anunciou que vai processar a mãe do jogador, de acordo com o jornal espanhol “El Periódico”